خوف, félelem, frykt, pelko, bailes,angst, peur, fear, medo ...

Vivi com medo durante demasiado tempo, às vezes os fantasmas ainda vêm devagarinho para me congelar.
E se disser uma coisa completamente ao lado? E se não estiver à altura? Não será melhor ficar por aqui? E se o caminho por ali for demasiado assustador? Depois penso e penso... por vezes penso demasiado... e fico nesta espiral de pensamento... E se?
Depois tento reconhecer, inspirada pela Rafaela, que ter medo não faz mal mas que não pode ser a desculpa para não fazer as coisas.
É importante viver o medo mas não o deixar toldar a vida: "If you don’t step forward, you’re always in the same place." - as palavras da Sofia sempre tão inquietantes, que me fazem querer mexer.
Mais palavras para refletir:

No intervalo de escrever este texto, fui ao correio. Tinha uma lembrança da doce A. com um texto que falava exatamente do medo e pensei que fazia todo o sentido partilhá-lo. São palavras do grande Rubem Alves.
   A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação pela qual devem passar os homens, para que eles venham ser o que devem. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
   O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre.
   Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
   Mas, de repente, vem o fogo.
   O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre.
   Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem o fogo, o sofrimento diminui. E, com isso, a impossibilidade da grande transformação.
Imagine que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina do que é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como outra coisa completamente diferente daquilo que nunca havia sonhado.
   Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito de ser delas.
   A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não se transformarão na flor branca e macia.
Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás, que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
   Precisamos decidir o que somos: pipoca ou piruá?
Ser feliz dá medo mas sabe tão bem! Escrever para não esquecer.

2 comentários:

  1. Não há muito a acrescentar, mas não podia deixar de comentar.
    Adorei o post da Sofia, temos que aprender a seguir em frente, sem medos. Ou pelo menos a ignorá-los e avançar na mesma. De resto, não me deixar levar pelos medos é uma resolução de ano novo que fiz, não me podia identificar mais com estas palavras. :)

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  2. Analog,

    O medo é do caraças não é?
    Eu também estou a tentar. Depois olho para trás e rio-me só de pensar nos monstros que imaginei e que afinal não existiam.

    Força nisso*

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